Ramo Boa Vontade
segunda-feira, abril 20, 2009
sexta-feira, maio 09, 2008
terça-feira, novembro 27, 2007
CONTACTOS - RAMO BOA VONTADE - ÉVORA
CONTACTOS: Rui Arimateia
Praceta de São Jordão, 2 A
7000-831 Évora
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sexta-feira, novembro 16, 2007
CONFERÊNCIA TEOSÓFICA / BIBLIOTECA PÚBLICA DE ÉVORA
JOSÉ RAMÓN CAVEDA
Conferência: “El Sendero de Retorno” (“O Caminho de Regresso”)
Biblioteca Pública de Évora
Dia 16 de Novembro de 2007, Sexta-feira, pelas 18:30
Esta Conferência é organizada pelo Ramo “Boa-Vontade” da Sociedade Teosófica de Portugal, contando com o apoio da Biblioteca Pública de Évora.
José Ramón Caveda é membro da Sociedade Teosófica Espanhola, em Madrid. Tem proferido conferências sobre Teosofia, Raja Yoga e temas afins.
Com esta Conferência “El Sendero de Regresso” (que será proferida em castelhano), o autor falará sobre algumas das questões que os aspirantes da realização espiritual deverão, na sua opinião, fazer finca-pé, no sentido de percorrer o mais rapidamente possível esse caminho que os levará de volta à Unidade de que procedem. Serão igualmente focados alguns aspectos teosóficos fundamentais para a compreensão do que é o Caminho Espiritual e qual a sua importância para o ser humano de hoje e de todos os tempos, tais como: involução e evolução; elevação da consciência; o discernimento como qualidade essencial; o silêncio interior; a reserva de energias; os habitantes dos mundos subtis; a harmonia; o pensar a partir do estado de silêncio; a voz interior ou a voz do silêncio.
Irão ser abordadas temas e conceitos que fazem parte de um todo a que poderemos chamar de Ética Teosófica. Será um desafio para qualquer um reflectir e praticar esta Ética Teosófica, também por vezes denominada por Philosophia Perennis ou Filosofia Eterna.
terça-feira, junho 19, 2007
CIÊNCIA E TEOSOFIA
“Bem-aventurado aquele que se tornou sábio, que já não especula sobre o mundo e busca em si mesmo a Pedra da Sabedoria eterna.
Somente o sapiente é digno de ser adepto – ele transmuta tudo em vida e ouro, sem precisar de elixires.
A retorta sagrada nele exala – o rei presente nele está – Delfos também; e finalmente ele compreende : Conhece-te a ti mesmo.”
NOVALIS
Já vai distante o ano de 1977 em que pela primeira vez contactei com a Teosofia. Toquei e mergulhei nela, embora não estivesse só porque sempre presentes estivessem os Irmãos e Irmãs do Ramo Boa-Vontade.
Olhando agora a uma distância confortável para me permitir uma observação descomprometedora, verifico que a Teosofia me deu um método de trabalho, de investigação, de pensar e de construir a relação com o outro. Deu-me um método para uma aprendizagem em exercício da vida do dia a dia.
Aprender a pensar, aprender a relacionar-me comigo próprio – com os meus sentimentos, a minha sensibilidade, os meus medos e a minha força interior – e com os outros que me rodeavam, independentemente do seu sentir e dos seus ideais.
Penso ter conseguido interiorizar alguns conceitos fundamentais, e que, por sua vez, se foram constituindo enquanto ferramentas essenciais para um progressivo crescimento interior: o Autoconhecimento, a Unicidade de toda a Vida, a importância do Eterno Presente, a urgência do Serviço... Tenho consciência de que o meu comportamento perante a Vida, perante a Sociedade, e perante os outros, desde então, têm sido inspirados por esses conceitos e realidades.
O Ramo Boa-Vontade foi o cadinho onde se misturavam as diferentes experiências dos seus membros. Foi o laboratório onde se testavam condutas, se reflectiam saberes e sentimentos; onde se partilhavam certezas e incertezas, angústias e alegrias; onde se construíam personalidades; onde se desfaziam dogmas e preconceitos; onde se alicerçavam as bases para um viver mais altruísta, mais autêntico, mais teosófico. O trabalho contínuo do Ramo foi fundamental para o crescimento e o desenvolvimento de um espírito teosófico autêntico e duradoiro.
A Ciência é a busca da Verdade do mundo exterior, tal como a Teosofia é a demanda da Verdade dos mundos internos, espirituais. São, por assim dizer, complementares, possuindo uma ferramenta em comum, extremamente importante – a da investigação.
A investigação é a pedra-de-toque para o aprofundamento de uma e de outra.
Normalmente quando pensamos em Ciência logo dirigimos os nossos pensamentos para as notícias das grandes descobertas da Física, da Matemática, da Biologia ou da Astronomia… Logo pensamos em Teorias da Relatividade, em Hipóteses Quânticas, em grandes descobertas no domínio do átomo e do atómico… Contudo faz-me mais sentido olhar não tanto as diferentes disciplinas da Ciência, mas principalmente o próprio processo científico, o modo de investigação que exige um método no sentido de nos auxiliar a descobrir a Verdade das coisas, as causas, os efeitos, a sua evolução, etc.
Também a Teosofia poderá ser encarada como um sistema de pensamento complexo que o ser humano tem necessidade de compreender cabalmente.
Através do estudo e da compreensão da Teosofia, a busca da Verdade Una é o desafio que permitirá ao ser humano estudar-se e compreender-se – enquanto Microcosmos – e estudar e compreender a Natureza – enquanto Macrocosmos –, em todas as suas dimensões, estados e realidades.
Conceitos tais como método e investigação remetem-nos para outros, tais como observação e auto-conhecimento. Estes últimos fundamentais para que não só o espírito científico dos nossos dias, mas também o espírito teosófico, façam sentido. Uma observação profunda, atenta, do que nos rodeia é fundamental para nos apropriarmos da realidade. Esta apropriação, e sua cabal compreensão, só serão conseguidas plenamente através de um autêntico e genuíno Auto-conhecimento.
A função da Teosofia, hoje e sempre, tal como o recorda a Sr.ª Radha Burnier, é o da Regeneração Humana – aquela qualidade criativa inerente ao ser humano que faz com que o velho seja continuamente transmutado em novo através de um dinâmico e contínuo processo de recriação e de regeneração das mentes.
Refere H. P. Blavatsky em “A Voz do Silêncio”:
“- Não separarás o teu ser do SER, e do resto, mas fundirás o oceano na gota de água e a gota de água no oceano.
Assim estarás em acordo com tudo quanto vive…”
Observação e Investigação, são duas premissas indissociáveis para aquele que quiser levar a cabo um autêntico trabalho Teosófico, assim como um correcto trabalho científico.
Refere-nos J. Krishnamurti, ao longo de toda a sua obra, que a mente científica é objectiva, sendo a sua missão descobrir, perceber. Desta descoberta, desta percepção a Ciência tira conclusões, constrói teorias. A mente move-se de um facto para outro facto. Contudo não deverá estar presa a condicionalismos subjectivos criados por imagens e teorias e ideologias do passado, do vivido. A mente científica, nesta diferente dimensão que K. nos apresenta, é uma mente nova e criadora, é uma mente que utiliza a observação e a experiência para captar a essência da realidade que nos é apresentada. Esta mente nova está pronta para o fenómeno da mutação, da transformação radical, do pensar e do agir. Contudo esta observação não é dicotómica, tal como o senso comum nos “dita e obriga”, esta observação não tem nem observador nem coisa observada, não cria uma relação de sujeito/objecto – somos todos observadores, somos todos sujeitos, todos temos o direito e o dever de usar e deixar usar a palavra, a comunicação.
Este direito à palavra, que deveria ser comum a toda a espécie humana, dá-nos a possibilidade de acesso a um estado de comunhão com o outro quando essa palavra é correctamente emitida e percebida.
Um dos papéis fundamentais da Teosofia é o de tentar encontrar uma linguagem essencial e comum a toda a Humanidade, nomeadamente através da concretização dos seus dois primeiros Objectivos:
1.- Formar um núcleo de Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raças, sexo, casta ou cor.
2.- Promover o estudo comparativo das Religiões, Filosofias e Ciências.
Para terminar, gostaria de recordar um dos teósofos cujas postura e metodologia de trabalho influenciou várias gerações, e refiro-me a C. W. Leadbeater. Este cientista da Teosofia defendia como verdadeiramente fundamental para uma demanda teosófica e científica rigorosas o seguinte:
“Faz o que tens a fazer e sê aquilo que és … não dês importância a atitudes marcadamente convencionais, sê tu próprio… o que as pessoas pensam ou dizem acerca de ti, aprovando ou desaprovando as tuas acções, é indiferente para o teu real desenvolvimento… não creias em nada que não experimentes e não comproves por ti próprio e em ti próprio…”, são alguns dos pensamentos que C.W.L. deixa transparecer nos seus escritos, traçando indelevelmente uma via para o Auto-conhecimento e para uma Ética vivencial profunda.
Évora, 20 de Abril de 2004
Rui Arimateia
sexta-feira, maio 11, 2007
INTELIGÊNCIA, A BASE PARA UMA VIDA RECTA
Conferência Pública - Biblioteca Pública de Évora, 11 de Maio de 2007 pelas 18h30
Entrada Livre
O ano passado tivemos a oportunidade de reflectir e dialogar sobre A Religião, O Religioso e O Sagrado. Este ano, na continuação da reflexão feita o ano passado, a questão fundamental que se colocará é como viver de uma maneira recta, de acordo com a Ética Universal. A maioria de nós concorda, certamente, com o facto de ser urgente no mundo actual uma forma recta de viver, a fim de contribuirmos para o nascimento de uma sociedade “nobre”. O que é a rectidão? O que é a virtude? Qual é a base para uma vida recta? O viver correcto terá alguma relação com aquilo a que se chama “moralidade social” e “moralidade religiosa”? O relacionamento é o espelho da nossa maneira de viver, e a nossa maneira de viver reflecte os nossos modos de pensar. Uma exploração da mente e dos seus movimentos pode conduzir-nos a voltar a observar as nossas vidas e a descobrir uma maneira de viver baseada na inteligência, a qual não corresponde necessariamente a simples capacidades, a simples habilidades.
Trân-Thi-Kim-Diêu, Março de 2007
terça-feira, janeiro 09, 2007
Maria Beatriz
na nossa infância os dias eram outros
longos dias de sol
vividos em sossego
no viver sempre aberto de nossa quietação
sem pressas e sem medos
sages de longa idade
sabíamos o tempo
vivíamos sem tempo
e a vida a rodear-nos braços que nos amavam
não tínhamos memória
do que antes conhecíamos
cada dia era um dia
e não uma cadeia
a prender-nos as mãos a horas já passadas
a gestos copiados
vivíamos o dia
dormíamos a noite
e nem quem nos morria estava ausente
a morte era uma porta
por onde entravam todos que saíam
a morte não havia
morríamos ao dia em cada noite
e em cada dia a vida renascia
Maria Beatriz (Évora, 1973)
Maria Beatriz, 5 de Janeiro de 1923 a 1 de Dezembro de 2006
O mundo não ficou indiferente com a luminosa passagem desta nossa Amiga, Mestre, Irmã, Mulher, Mãe e Avó. Com a sua Palavra, o seu Gesto, o seu Sorriso, o seu Silêncio, conseguia transmutar situações de conflito com a força da sua afeição.
A Maria Beatriz foi um Ser de convicções profundas e vividas e foi além de tudo uma mulher de ACÇÃO e de COMPROMISSO, sustentados por uma Ética de respeito por si própria, pelos outros e pela Vida.
Compromisso em primeiro lugar com a VIDA UNA – dizia ela tantas vezes: “Não podes tocar a flor sem perturbares a estrela. Tudo está ligado a tudo.” – VIDA UNA que a tudo envolve, tudo traz e tudo leva… Compromisso de Amor pelos outros… Compromisso para com as crianças e os jovens… ela que foi Professora de centenas e centenas de jovens homens e mulheres que transportaram em si, guardaram em si aquela Palavra, aquele Gesto, aquele Sorriso, aquele Silêncio que tão fundo nos tocou e continuará a tocar e a marcar enquanto vivermos, enquanto partilhamos a sua Mensagem de Amor e de Beleza. Compromisso para com a defesa activa dos animais e da Natureza, ela própria VEGETARIANA por COMPAIXÃO e por vontade própria.
Maria Beatriz e Fernando, seu Companheiro de praticamente sessenta anos de vida em comum, foram pioneiros, autênticos exploradores numa terra de preconceito, de mesquinhez e de intolerância como o foi a cidade de Évora em particular, mas como de certa maneira o foi toda a sociedade portuguesa dos anos 40 do século passado. A Teosofia, a Filosofia, a Música, as Artes, o Vegetarianismo, o Livre Pensamento e o Auto-conhecimento acompanharam-nos desde a sua primeira hora enquanto Educadores, brotando muito naturalmente de dentro para fora. A manifestação activa destes saberes, através de actos e relações autenticamente afectivos e educativos, ajudaram a que dezenas, senão centenas de jovens, tenham tido a oportunidade de organizar o pensamento e a sua própria conduta de maneira diferente, em liberdade e em cooperação criadora.
O Ramo “Boa-Vontade” da Sociedade Teosófica de Portugal, criado em Évora, nos finais dos anos 50 do século passado teve na Maria Beatriz um dos seus principais animadores e sustentáculos.
De aparência frágil e simples, Maria Beatriz foi um exemplo de força interior, de auto-sacrifício e de dádiva como nenhum de nós concerteza poderá igualar em exemplo e em qualidade. Já nos últimos dias da sua vida ela continuava a trabalhar, na medida do possível e do suportável, na tradução, na divulgação e na clarificação de textos de J. Krishnamurti… Continuava a ir às reuniões do Ramo “Boa-Vontade”, com uma vontade férrea, cheia de dores, incomodada com um mal-estar que víamos e pressentíamos… Nós outros que por pequenos contratempos de dor de cabeça, de cansaço após um dia de trabalho, de mal-estar passageiro, ou por isto ou por aquilo, deixávamos de comparecer à reunião quinzenal… Ela, quando não comparecia, e era raríssimo que isso acontecesse, era porque de facto estaria fisicamente impossibilitada de se deslocar… Assim tivemos a grande Alegria, o grande Privilégio de poder sempre contar entre nós com a presença luminosa, amiga e sage da Maria Beatriz. E continuaremos a contar com ela no nosso coração, nas nossas orações e meditações, nas nossas memórias mais queridas, mais profundas e imorredouras e principalmente nas nossas relações de compromisso de uns para com os outros, para com a Vida Una.
A OBRA com a qual ela se comprometeu plenamente ao longo da sua extraordinária e riquíssima vida ainda não terminou, saibamos continuá-la… Mais do que saber, tenhamos a coragem e a força anímica, como ela o teve durante anos e anos e anos, de olharmos a VIDA de frente e termos confiança absoluta nela, sem medo, sem preconceitos, com aceitação completa daquilo que acontece, procurando nós deixar este lugar em que agora vivemos, um bocadinho melhor do que estava quando chegámos e o encontrámos…
Tenhamos a coragem de nos despedirmos do seu corpo físico, contudo outra Realidade com toda a certeza aconteceu à Maria Beatriz, tal como a borboleta que após muito esforço conseguiu sair do seu casulo e voou em liberdade e com toda a alegria do mundo em direcção ao Sol, ao Logos, onde tudo o que aconteceu, acontece e acontecerá se encontra inefável e eternamente inscrito com letras feitas de ouro, de luz e de amor a aguardar o seu e o nosso regresso.
Como dizia Maria Beatriz, num pequenino poema escrito pelo seu punho, em 1977, acredita que
“quando vires o sol acontecer
não digas são os novos
quando a noite descer e o silêncio a envolver como um bálsamo
não digas são os velhos
nem os velhos nem os novos
apenas a Vida se cumpre
(a Vida sem idade)”
R.A.