O Síndroma da Guerra
ou um novo vírus mortal criado pelo Homem
[texto refeito]
Guerra no Iraque e em Bagdad? Guerra na Palestina e em Israel? Guerra em Belfast e no país Basco? Guerra em Nova York e no Afeganistão? Guerra na Chechénia e em Cachemira?...
Não! A verdadeira guerra está a acontecer nas mentes, nas consciências e nos corações dos homens!
Entrámos no século XXI pela mão da barbárie e da selvajaria. Hoje, mais do que nunca, temos de repensar a natureza humana. Esta encontra-se a ceder aos seus mais baixos instintos da animalidade. A grande tentação das hegemonias e dos imperialismos, quaisquer que sejam as suas colorações – religiosas, económicas, culturais, civilizacionais –, conduzem a Humanidade a cometer autênticos genocídios.
Choque de culturas, choque de civilizações, choque de religiões, aliados à intolerância, ao despotismo e à prepotência, que caracterizam e normalizam a acção humana, são o apanágio do homem contemporâneo.
O Planeta está a sofrer uma imensa e arriscada provação. Falando metaforicamente, o Dragão Negro está a possuir e a dominar as mentes, as consciências e, o que é mais grave, o coração dos homens.
Nunca as palavras Democracia, Religião e Amor, estiveram tão vazias de sentidos e de sentir. O primado do ter sobrepõe-se irremediavelmente ao primado do Ser.
Escutemos as palavras de grande sageza, que chegaram até nós por intermédio de H.P. Blavatsky através da sua obra prima literária e filosófica “A Voz do Silêncio”:
“Que a tua Alma dê ouvidos a todo o grito de dor como a flor de lotus abre o seu seio para beber o sol matutino.
Que o Sol feroz não seque uma única lágrima de dor antes que a tenhas limpado dos olhos de quem sofre.
Que cada lágrima humana escaldante caia no teu coração e aí permaneça; nem nunca a tires enquanto durar a dor que a produziu.”
Lágrimas, terror, sofrimento chegam constantemente aos nossos sentidos através dos mass-media. Infelizmente temos a capacidade tecnológica de presenciar a(s) guerra(s) em directo. A grande quantidade de informação manipulada, distorcida e censurada, entorpece-nos o sentir. Olhamos, vemos, ouvimos, tomamos partido, mas falta responder à grande questão: como actuar? Como agir, enquanto indivíduos racionais e conscientes, perante este caótico estado de coisas? Perante estas “normalizadas” atrocidades de lesa humanidade, destituídas de qualquer ética?
Imaginemos, através de uma imaginação criadora, que contemplamos a Terra dos altos céus: sentimos na nossa carne a agonia dos povos! A Terra encontra-se coberta de feridas, cheia de cicatrizes, sangrentas, latejantes... causa de sofrimentos desmedidos...
Mais uma vez recorro à palavra legada por um Mestre de Sabedoria, a apontar caminhos, desta vez publicadas num pequeno livro da autoria de Mabel Collins chamado “Luz no Caminho”:
“Procura em teu coração a raiz do mal e arranca-a... Somente o forte pode destruí-la. O fraco tem que esperar o seu crescimento, a sua frutificação e a sua morte. É esta planta que vive e se desenvolve através das idades...
Não vivas no presente, nem no futuro, mas sim no eterno. Ali não pode florescer esta erva gigantesca...
Cresce como cresce a flor, inconscientemente, mas ardendo em ânsias de entreabrir a sua nova alma à brisa. Assim é como deves avançar: abrindo a tua alma ao eterno.”
Não posso deixar de transcrever, neste tempo de Solstício e de Natal, uma citação atribuída a Jesus o Cristo no momento em que se encontrava na Cruz da Transfiguração: “Eli, Eli, lama Zbacthni.” – “Aqueles que me difamarem, manterão abertas as minhas feridas”. Será esta uma leitura e interpretação destas palavras tão significantes, que os cristãos, principalmente os que optaram pela via da guerra, deveriam continuamente lembrar. Por certo que igualmente se recordarão das tão simples e tão belas palavras de Jesus inscritas no Evangelho segundo São João, XV:12: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.” Fazer a guerra à Humanidade é fazer a guerra a Cristo, é recusar, repudiar e espezinhar a Sua Palavra, o Seu Exemplo, a Sua Memória.
Lembremo-nos da grande verdade de que, não importa quão vasta a escuridão, quão vasta a noite, contudo uma pequena chama de vela detém essa grande escuridão. Na sua insignificância é invencível porque é Luz.
Jesus, o Cristo, não veio ao seio da Humanidade fundamentalmente para morrer. Ele não é, nunca o foi, o Cristo morto. A Vida e não a morte, a Luz e não as trevas, são o Seu ensinamento. Ainda no Evangelho segundo São João, VIII:12, podemos ler as palavras atribuídas a Jesus: “Eu sou a luz do mundo; o que me segue não anda em trevas; mas terá a luz da vida.”.
Que cada um de nós mantenha acesa a sua pequena chama. Cada qual, por si, pode tão só significar uma fraca luz, contudo a natureza de todas as chamas é a mesma, é Una. E todas juntas, na sua Unidade Essencial, firmemente dirigidas e erigidas aos céus ensombrados pelas densas nuvens negras do ódio e da ignorância, poderão, a pouco e pouco, afastar as trevas e fazer surgir mais uma vez e sempre a Grande Chama Universal, corporalizada pelo Sol a que os antigos denominavam por Cristo Solar ou Logos Solar...
Mais Compaixão e mais Amor são precisos para que o Fogo Criador realmente se torne uma Realidade viva e verdadeiramente transformante e transformadora nos corações e nas consciências da Humanidade que é Una!
Termino com a apresentação de um poema de Novalis :
“Quando a chave de toda a creatura
seja mais do que número e figura,
e quando esses que beijam com os lábios,
e os cantores, sejam mais que os sábios,
e quando o mundo inteiro, intenso, vibre
devolvido ao viver da vida livre,
e quando luz e sombra, sempre unidas,
celebrem núpcias íntimas, luzidas,
quando em lendas e líricas canções
escreverem a história das nações,
então, a palavra misteriosa
destruirá toda a essência mentirosa.”
RUI ARIMATEIA
Dia do Solstício de Inverno
Évora, 2005.
1 Comments:
venho aqui, neste silêncio da casa,partilhar com o espírito e aprender, reflectindo. Um eco de amoe uma vibração de luz ficam smpem mim. Bem hajam.
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